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terça-feira, 19 de abril de 2011

Coisas de menino (a)...

Desde a pré-escola até o segundo grau eu sempre atrapalhei as aulas com minhas conversas paralelas e piadinhas fora de hora...A diferença é que a partir da oitava série isso baixou um pouco minhas notas e os professores pararam de achar engraçado. Eu adorava ler minhas redações, apresentar trabalho e organizar qualquer atividade extra-classe, mas apesar disso tudo, meus pais sempre eram chamados na escola pra ouvir que precisavam me colocar "nos eixos".
Eu adorava a época que se usava lancheira...O lanche era sempre surpresa, mas a bebida era sempre refrigerante...Eu vim gostar de suco depois dos 20 por culpa da minha mãe. Eu sempre achei a garrafa térmica uma invenção incrível. Teve um dia na alfabetização que eu coloquei meu refrigerante no copinho e percebendo que estava semi congelado, gritei: Tia, meu guaraná tá igual ao mar glacial! Um dia depois tava lá eu na turma da primeira série, tentando copiar do quadro a lição da macaquinha Lili...mas minha mãe mandou me devolverem pra alfa porque eu era (ERA?) muito pequenininha pra primeira série...

Eu não lembro do dia que escolhi minha lancheira do He-man e minha mochilinha do Thundercats...mas lembro que eu nunca queria trocar no ano seguinte porque eu as-adorava.

E lá vão meus pais novamente à Escola pois foram chamados pela psicóloga (que pela minha lembrança não devia ser formada em psicologia...). E ela começa:

-" Eu sei que todos passamos por problemas financeiros, e a gente economiza no que dá economizar. É muito bom aproveitar coisas de um filho pro outro, principalmente quando ainda está em bom estado. Mas é importante prestar atenção ao comportamento dos filhos e até onde a gente pode poupar sem confundir a cabeça da criança. Cada filho deve ser tratado com exclusividade, principalmente se estamos falando de um menino e uma menina"

-" Vera, tem certeza que a gente tá falando de Fabiana? É que..."

-" Deixem eu terminar...Fabiana prefere brincar com os meninos de ficar correndo a brincar de boneca com as meninas, fica cantando musiquinhas de baixo valor intelectual e sempre tá envolvida nas brincadeiras masculinas. Vocêm sabem que somos uma escola construtivista e jamais iríamos julgar esse comportamento, até achamos muito válido não existirem barreiras de gênero. Mas talvez vocês, sem perceber estejam incentivando isso. Não dá pra usar a mochila e lancheira do irmãozinho dela, ela vai ficar feliz em ter algo só dela que não seja do He-man e Thundercats"

-"Vera, Fabiana é filha única e ela que escolheu a lancheira e a mochila...sem contar que tentamos comprar novas há 2 anos e ela não deixa"

- "Ah é? Então tá tudo ok!"

terça-feira, 12 de abril de 2011

Piolhos sugam juízo...

Lêu era minha melhor amiga da infância e ela tinha tanto, mas tanto piolho que o apelido dela era Lêu piôi. Ela na verdade era filha adotiva de uma família bem confusa (ela era sobrinha de Dona Rita que já tinha 6 filhos mais velhos e decidiu cuidar dela). Lêu era dessas crianças que ficavam na rua descalça, ninguém mandava ou desmandava nela, conhecia o bairro com toda a malícia de menina de 8 anos e nunca entendeu porque eu era feliz em ir pra escola. No fundo, a ignorância era transformada em ingenuidade e alguém sempre se aproveitava da boa vontade dela.

Perdi a conta de quantas vezes pedi pra minha mãe pra Lêu morar conosco...Ela almoçava, assistia TV, brincava lá em casa...mas era notório o desconforto dela em ficar presa numa casa...Lêu era do mundo, nunca gostou de estudar e consequentemente cresceu linda (muito linda) e ignorante...Quando criança eu até tentava brincar de escolinha com ela e repassar as coisas que eu aprendia...mas ela não tinha paciência pra ficar sentada e reclamava: "Brincar de escola???" (A única coisa que ela aprendeu foi que "o vento é o ar em movimento", na verdade ela achava a frase sonora e ficava repetindo, mas duvido que ela soubesse o significado...). Ela achava engraçado ser chamada de piolhenta, ser caçoada quando falava "percoço" ou "crínica" e duvido que tenha ficado qualquer tipo de trauma psicológico...talvez ela não tenha noção disso também!!!

Minha mãe tratava dos meus piolhos até perceber que se Lêu não se tratasse isso não teria fim. Então começamos um tratamento...Todos os dias Lêu ía lá pra casa colocar remédio e a bicha tinha piolhos tão geneticamente modificados que precisou tratar com ajuda de antibióticos...Foram quase 3 meses de pente fino, lençol branco, deltacid e antibiótico (quem já teve piolho sabe do que eu tou falando...). Era engraçado minha mãe procurar Lêu (o que não era nada fácil) pra dar o remédio na hora certa...

Certo dia estava brincando de hotel com ela, que tava adorando imaginar que estava se hospedando em um Hotel chique e soltou a imaginação com coisas que ela acreditava ter status...
Comecei a perguntar e preencher a ficha dela:

"- Nome?"
"- Maria Eduarda"
"- Profissão?"
"- Médica"
"- Endereço"
"- Avenida Boa Viagem"
"- Sexo?"

Nesse momento ela ficou vermelha, suou, deu uma gargalhada e respondeu:

"- Não!!!"

Tentei explicar o que era "gênero" pra ela, mas ela como sempre não estava interessada em aprender...
Acho que os piolhos de Lêu sugavam fundo e consumiam parte da massa cefálica da bichinha...
De qualquer forma, ela mudou de idéia rápido pois foi a primeira menina da rua a ficar grávida e hoje tem 3 filhos (de pais diferentes)...