quinta-feira, 31 de março de 2011

Disney x Maurício de Souza

Desde que eu me lembro ( e olhe que minha memória pra coisas inúteis é foda!), minha família sempre fez feira no Bompreço da Caxangá. Acompanhei todas as transformações: Restaurante no interior da loja, floricultura perto dos banheiros, balcão de embrulhos pra presente, lanchonete do lado de fora...mas nada é tão gostoso de lembrar como a banca de revistas que tinha perto dos caixas...
E quinzenalmente meu pai me trazia gibis...eu tinha milhares: mickey, zé carioca, pato donald, etc...Pois é, esqueceram de avisar ao meu pai que eu era menina (era?)... E mesmo que ele quisesse me tratar de maneira "rude", por que porra ele não me comprava MARVEL???Nããããããão, Disney no cu dela...acho que por isso até hoje eu odeio os clássicos e quero mais é que a Cinderela ande descalça para sempre!!!
Até que um dia eu fui com ele conhecer Sr Ruan (isso lá é nome de quem vende gibi e revista?)...Pulei no revisteiro e babei quando vi ao meu alcance a Mônica, Cebolinha, Magali, Chico Bento...até então motivo de inveja das coleguinhas da escola...e o almanacão de férias (que vinha com lápis que não escrevia naquele tipo de papel...)???Fiquei doida sem saber o que escolher...sempre fui uma criança comedida (pfffff)...peguei um de cada, entreguei ao meu pai e fiquei louca pra chegar em casa...
Na hora de pagar, Sr Ruan pergunta: Alemão (meu pai é branco e tem olhos verde azulado, o gen indígena é forte cum carai), e não vai levar revistinha pro seu filho?
E meu pai diz: Não, eu não tenho filho, só essa menina aqui!
E seu Ruan vira pra mim: Ah, então vc é fã do pato donald???
Eu, desconcertada, entre os olhares do açougueiro e do jornaleiro: Er, muito não!

Resultado: A partir daí eu passei a pagar pelas minhas revistinhas (com o dinheiro economizado do lanche)...Eu tentei explicar ao meu pai que isso era aculturação (na época eu tinha aulas de moral e cívica), mas ele simplesmente respondeu algo do tipo: Maurício de Souza é gay!!!

Não preciso dizer que nunca tive a assinatura da Capricho, né???

quarta-feira, 30 de março de 2011

Aprendam a atravessar...

Amo intensamente tudo que passa na minha vida...desde a cerveja gelada que massageia minhas papilas gustativas até os meninos que permanecem no centro de minhas atenções por 3 dias ou mais...Mas eu nunca fui de ter namorado...De verdade mesmo, com vida familiar, almoço de domingo, aniversário de sobrinho e briguinhas de casal...eu nunca tive. Algumas vezes até tive vontade, mas passou antes que se tornasse real. Cheguei bem perto disso, mas apesar dele ficar sempre pedindo pra eu não enjoar dele (como acontecia com todos...), ele que enjoou de mim...e ao invés de dizer, inventou uma viagem e me fez sofrer junto com ele a despedida dos amigos e de mim...enquanto ajudava a arrumar a mala. Depois de algumas semanas, descobri que ele nunca tinha viajado e tava namorando há meses uma menina que ele mesmo havia me apresentado...Ainda bem que eu não quis levá-lo ao aeroporto... Mas enfim, 3 semanas ficando e eu ía conhecer a mãe dele e toda a família... Depois de várias opções de roupas já que eu não tinha figurino de "conhecer sogra" e de ficar na dúvida se levava flores ou bombom...ele me buscou em casa e eu fui de mãos abanando! Durante o trajeto eu me perguntava se ela ía gostar de mim, se eu ía ter papo, se era melhor ser engraçado ou formal...e a única certeza que tive foi a de que Engenho do meio nunca foi tão perto de Setúbal... Ele parou na frente de um prédio e começou a manobrar...enquanto uma senhorinha gorda atrapalhava sem saber se passava pela frente ou por trás do carro...E eu tentava ajudar: Amor, cuidado pra bater na véia, mas que véia mais atabacada, não se decide, ai amor, tu vai bater nessa véia gorda tabacuda, ó praí que cara de cú, ai meu deus véia, amor, bate logo nela pra ela aprender... Nesse momento percebi que ele tinha parado de manobrar há séculos e estava perplexo olhando pra mim...Não entendi a perplexidade já que ele adorava meus palavrões e inclusive disse que se apaixonou por ter me visto dando uma dedada pra um amigo dele... Eu perguntei: O que foi? E ele disse: Essa é minha mãe... Eu já tinha fudido tudo e completei: Caralho amor, quase que tu atropelava tua mãe!!! Pior é que ela era massa...mas não sabia atravessar a rua...